O contrato de patrocínio entre Crefisa, FAM e Palmeiras, divulgado por Leila Pereira ao UOL, não inclui cláusulas para ajustes ou correções nos pagamentos ao clube desde o início de 2019, período em que a parceria foi estabelecida. A renovação, realizada em julho de 2021, manteve os termos e valores inalterados.
No acordo, as empresas de Leila, atual presidente do Palmeiras, destinam anualmente R$ 81 milhões ao clube. Esse valor é dividido entre o patrocínio da Crefisa e da FAM, cujas marcas adornam o uniforme do Palmeiras, além de diversas outras propriedades publicitárias da equipe. Os pagamentos são realizados mensalmente.
Conforme reportagem do UOL, a cada dia 10 do mês, o Palmeiras recebe uma quantia de R$ 6,75 milhões, composta por R$ 6,25 milhões provenientes do patrocínio da Crefisa e R$ 500 mil da FAM.
A ESPN calculou os montantes que as empresas pagariam em caso de correção monetária anual. Se as parcelas fossem ajustadas pelo IPCA, um índice que mensura a inflação no país, o Palmeiras poderia potencialmente receber mais de R$ 107 milhões em 2024.
Se aplicado o IGP-M, utilizado para ajustar contratos de aluguel, por exemplo, o patrocínio seria ainda maior nesta temporada, alcançando aproximadamente R$ 130 milhões. Isso superaria os R$ 123 milhões acordados entre o Corinthians e a Vaidebet pelo patrocínio máster. Vale destacar que, no contrato da Crefisa/FAM com o Palmeiras, o IGP-M é o índice escolhido para reajustar o valor da multa em caso de descumprimento dos termos.
Projeção Anual de Receitas para o Palmeiras com Correção Contratual junto à Crefisa/FAM:
Pelo IPCA:
2019: R$ 81 milhões/ano
2020: R$ 84,5 milhões/ano
2021: R$ 88,3 milhões/ano
2022: R$ 97,2 milhões/ano
2023: R$ 102,8 milhões/ano
2024: R$ 107,5 milhões/ano
Pelo IGP-M:
2019: R$ 81 milhões/ano
2020: R$ 86,9 milhões/ano
2021: R$ 107 milhões/ano
2022: R$ 126 milhões/ano
2023: R$ 132,9 milhões/ano
2024: R$ 128,7 milhões/ano (considerando variação acumulada do indicador negativa no ano anterior)”
Análise dos Motivos para a Ausência de Correção no Contrato do Palmeiras com Crefisa/FAM:
Entrevistamos pessoas próximas a Maurício Galiotte, ex-presidente do Palmeiras e responsável pela assinatura do contrato com Crefisa e FAM em 2019, para compreender as razões que levam o contrato a não prever correção monetária. Além disso, ouvimos conselheiros que apoiam esse acordo.
Uma das razões apresentadas é que, naquela época, os montantes pagos pelas empresas de Leila Pereira eram considerados significativamente superiores aos praticados no mercado, o que justificava a manutenção dos valores até 2024. Outro argumento é que o cenário dos patrocínios era diferente naquela época, sem a forte presença de empresas do setor de apostas, que agora domina amplamente o mercado de investimentos nos clubes.
A administração atual, liderada pela própria Leila Pereira, reconhece ter feito uma concessão significativa que, na prática, poderia ser interpretada como uma ‘correção contratual’.