Nesta terça-feira (28), o Ministério Público de Goiás (MPGO) iniciou a terceira fase da “Operação Penalidade Máxima”, investigando manipulação em jogos do futebol brasileiro, incluindo partidas do Brasileirão, Série B e Estaduais. Um dos clubes sob investigação é o Náutico.
De acordo com informações da ESPN, Diógenes Braga comentou sobre as investigações conduzidas pelo MPGO em relação aos jogos do Náutico contra Criciúma e Sampaio Corrêa na Série B de 2022.
A resposta do presidente foi, de certa forma, inesperada. Diógenes, inclusive, afirmou que já suspeitava de algo fora do comum no jogo contra o Criciúma, no qual o Náutico foi derrotado por 2 a 1 pela equipe catarinense.
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“Do jogo do Criciúma, eu tinha certeza. Perdemos quatro jogos de virada dentro de casa este ano. Não pode ser coincidência. Um dos jogos foi esse do Sampaio”, disse Diógenes.
“Eu tentei falar com todo mundo que eu pude. Sou amigo de Hugo Bravo, presidente do Vila (Nova, primeiro time a denunciar suspeita de manipulação), falei com ele, que disse que a operação estava andando. Mas a Operação Penalidade Máxima, parece, tem ramos de investigação. Tem as etapas, que avançavam… A 3 está chegando na gente, que bom, espero que avance muito e pegue todos os jogos. Acho que teve (manipulação), sim, e não foram só esses jogos. Acho que foram mais”.
Durante a entrevista, o presidente do Náutico foi indagado sobre a possibilidade de suspeitas envolvendo os atletas. Sua resposta foi objetiva.
“Com certeza mais de um (jogador)”. Apesar das declarações, Diógenes Braga não foi ouvido ainda pelo MP.
É importante ressaltar que o Ministério Público não divulgou a natureza específica das suspeitas relacionadas aos jogos do Náutico. No entanto, no ano anterior, a investigação concentrou-se em jogadores que deliberadamente cometiam pênaltis ou recebiam cartões como parte de apostas.
A operação teve início com o objetivo de cumprir 10 mandados de busca e apreensão em oito municípios de cinco Estados, com o intuito de investigar condutas ilícitas que possam configurar uma organização criminosa para manipular resultados de partidas de futebol (crimes previstos na Lei nº 12.850/13 e nos artigos 198 e 199 da Lei Geral do Esporte). A operação tem como alvo partidas do Brasileirão, Série B e Estaduais.
O Ministério Público conta com o apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e da CSI (Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência), juntamente com a Polícia Militar de Goiás, o Cyber Gaeco do MPSP (Ministério Público de São Paulo) e os Gaecos do Mato Grosso do Sul, da Paraíba e do Rio de Janeiro.
Em análise estão possíveis irregularidades nos desfechos de sete partidas:
- Flamengo x Avaí, válida pela Série A do Brasileirão de 2022
- Náutico x Sampaio Corrêa, confronto da Série B do Brasileirão de 2022
- Náutico x Criciúma, jogo da Série B do Brasileirão de 2022
- Goiânia x Aparecidense, duelo pelo Campeonato Goiano de 2023
- Goiás x Goiânia, partida pelo Campeonato Goiano de 2023
- Nacional x Auto Esporte, confronto pelo Campeonato Paraibano de 2023
- Sousa x Auto Esporte, jogo pelo Campeonato Paraibano de 2023
Os mandados, emitidos pela 2ª Vara Estadual dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens Direitos e Valores, estão sendo executados nas cidades de Goiânia-GO, Bataguassu-MS, Campina Grande-PB, Nilópolis-RJ, Santana do Parnaíba-SP, São Paulo-SP, Volta Redonda-RJ e Votuporanga-SP.
A operação realizada nesta terça-feira é uma sequência das Operações Penalidade Máxima I e II, desencadeadas em fevereiro e abril de 2023, respectivamente.
Até o momento, essas operações resultaram no encaminhamento de três denúncias ao Poder Judiciário, com 32 indivíduos acusados de participação em organizações criminosas e corrupção no âmbito esportivo.
O Ministério Público de Goiás investiga práticas em que um grupo criminoso buscava subornar jogadores profissionais oferecendo valores financeiros substanciais para a realização de eventos como a aplicação de cartões amarelos, vermelhos, cometimento de pênaltis ou alterações no placar parcial da partida, possibilitando assim que seus membros obtivessem lucros em sites de apostas esportivas.